Palavras de Madame Satã
Fui me tornando na malandragem Malandro, naquele tempo, não queria dizer exatamente o que quer dizer hoje. Malandro era quem acompanhava as serenatas e frequentava os botequins e cabarés e não corria de briga mesmo quando era contra a policia. E não entregava o outro. E respeitava o Outro.
E cada um usava a sua navalha, cuja melhor era a sueca.._ Apelido de navalha era "pastorinha”... Mas quando eu falo em respeito, não estou dizendo amizade, que isso não existia. E o respeito vinha do medo.
A malandragem tb foi surgindo nos morros e no centro durante a década de 1920... ao mesmo tempo ia surgindo também a primeira geração de sambistas do morro, que em sua maioria eram também malandros.
Durante a década de 30, o malandro foi rei... nos anos 40, o malandro se disfarçou num discreto e respeitável terno de linho, imagem que permanece ate hoje.
Apesar de Satã jamais irei mencionar os Guaiamus ou os Nagoas , cada
malandro tinha sua área de influência, locais onde eram os "protetores" das ruas leões-de-chácara - de estabelecimentos diversos.
Posso citar Saturnino, da Praça Onze: Gavião Branco e Gavião Preto, da
Saúde; Henrique Fin-fin, da Praça Mauá; Brancura, que protegia os lares e casas de prostíbulo do baixo meretricio; Índio do Mangue, que protegia vários bares; Tinguá; etc.
Mas, com todo respeito os maiores foram: Edgar; Sete Camas e Meia Noite, pela valentia e maldade e Camisa Preta, foi "rei da malandragem".
Tinha tb Sete Coroas foi o mestre na fina arte da malandragem: o jogo, a navalha, o papo, a rasteira, por Volta de 1928 (aos 28 anos) ele já era um valente muito conhecido e respeitado por seu murro de esquerda.
Saudades da época que malandro era malandro..não se acha era..(Madame Satã)