BAIRRO DE OSWALDO CRUZ – SAMBA NO BURACO DO GALO
Oswaldo Cruz -
Localiza-se entre os bairros de Madureira (leste),Bento Ribeiro (oeste),Campinho, Vila Valqueire (sul) e Rocha Miranda (norte). É conhecido nacionalmente por ser o berço da Portela, a maior campeã do Carnaval carioca, embora a mesma tenha surgido no bairro vizinho de Madureira. Cortado pela linha férrea, Osvaldo Cruz é um bairro tipicamente residencial, com aproximadamente 40 mil habitantes.
O bairro fez parte da Freguesia de Irajá, criada em 1644. Em fins do século XlX e inícios do XX, a economia de região, amparada pelo trabalho escravo, entra em crise e os antigos latifúndios começam a ser repartidos pela população pobre, em sua grande parte formada por pessoas marginalizadas pelas reformas urbanas que eram realizadas no centro da cidade, na gestão Pereira Passos. Em 1890, é inaugurada a Estação Dona Clara de trens, que daria nome àquela área de limites ainda indefinidos, que então se confundia com Madureira. Em 1917,com a morte do médico e sanitarista Oswaldo Cruz, a estação local é renomeada e com o tempo este nome acaba sendo atribuído também ao bairro. Porém, até hoje há no vizinho Madureira uma rua com o nome de "Dona Clara".
Nos dias de hoje, em frente a Estação de Trem de Oswaldo Cruz temos a maravilhosa Roda SAMBA NO BURACO DO GALO, encravado no interior do conjunto residencial da CEHAB. Oswaldo Cruz berço da gloriosa Portela, reduto de grande sambistas, como Paulo da Portela, Natal, Candeia, Argemiro, Casquinha, Manacéa, Osmar do Cavaco, Brancura, Tia Doca, Tia Surica, Tia Eunice e tantos outros bambas,hoje é berço do Projeto Samba no Buraco do Galo que acontece todo 1º sábado do mês e começa mais ou menos 20:00 h comandada por Edinho Oliveira .
BURACO DO GALO 2011
CIDADÃO DE OSVALDO CRUZ - PAULO DA PORTELA
Paulo Benjamim de Oliveira era filho de Joana Baptista da Conceição e Mário Benjamin de Oliveira, sendo uma figura fundamental na história cultura brasileira nas décadas de 20, 30 e 40. Paulo da Portela trabalhou como lustrador e participou de pequenas agremiações carnavalescas formadas por operários e funcionários públicos. Começou a frequentar rodas de samba no subúbrio da cidade do Rio de Janeiro no início dos anos 1920. Compositor, Paulo da Portela fundou com Antônio Caetano e Antônio Rufino dos Reis, o Conjunto Oswaldo Cruz, que depois foi renomeado para Quem nos Faz é o Capricho, Vai Como Pode e, finalmente GRES Portela, em referência à Estrada do Portela.
Paulo da Portela foi um dos que mais lutaram para mudar a imagem estereotipada e preconceituosa que se tinha a respeito do sambista, de malandro e vagabundo, para a de artista de respeito. Para isso, ele impôs vestuário próprio para sua agremiação, e defendia que todos os portelenses estivessem devidamente vestidos com as cores da escola no dia do desfile. Foi o primeiro presidente da Portela e sua casa foi a primeira sede da escola, muito embora nesta época a sede não fosse nada além de um lugar para guardar os instrumentos.
Em 1937, Paulo da Portela foi eleito Cidadão do Samba. Ainda neste mesmo ano, participou da primeira excursão de sambistas ao exterior, indo ao Uruguai, e retornando ao Brasil já no Carnaval. Apressando-se para participar do desfile daquele ano, desentendeu-se com integrantes da Portela, que não permitiram que seus amigos Heitor dos Prazeres e Cartola, que não estavam devidamente vestidos com as cores da agremiação, desfilassem. Por conta disso, Paulo não desfilou mais nesse ano e após isso se afastou da escola.
Porém, durante as tentativas dos Estados Unidos da América de construir uma "relação de boa-vizinhança" com os seus vizinhos da América do Sul, Paulo da Portela foi escolhido para ser o modelo da criação do personagem Zé Carioca, bem como para representar o Samba no exterior. Por conta disso a Portela excursionou pelos Estados Unidos, e acabou sendo apresentada no evento pelo próprio Paulo da Portela.
Após a saída da Portela, ele ainda chegou a liderar a pequena escola Lira do Amor, hoje extinta. Por conta do seu desentendimento com a diretoria da Portela, Paulo compôs "O Meu Nome Já Caiu no Esquecimento" ("chora Portela, minha Portela querida/ Eu te fundei, serás minha toda a vida"). Cartola também fez na ocasião, um samba, "Sala de Recepção" ("Aqui se abraça o inimigo/ como se fosse um irmão").
Depois de sua morte, grupos como o Rosa de Ouro e A Voz do Morro e intérpretes como Paulinho da Viola e Monarco realizaram gravações de suas músicas mais famosas, como "Cocorocó", "Pam-pam-pam-pam", "Guanabara (Cidade-mulher)" e "Quitandeiro". Seu nome é também lembrado em sambas como "Passado de Glória" (Monarco) e "De Paulo da Portela a Paulinho da Viola" (Monarco/ Francisco Santana).
Participativo na política, Paulo da Portela filiou-se ao PTN em 29 de dezembro de 1946, sem nunca no entanto ter sido candidato a cargo eletivo.
Foi homenageado pela GRES Portela no ano de 1984, no enredo "Contos de Areia", que deu o 21º campeonato do Carnavall do Rio de Janeiro à escola.