Pele de Gato

Pele de Gato
Samba Minha Vida

PELE DE GATO RECOMENDA

- Buraco do Galo - Em Oswaldo Cruz, Roda de Samba de primeira comandada por Edinho Oliveira com as maravilhosas Pastoras , ambiente familiar cerveja em garrafa e tira-gostos saborosos,vale apena conferir, todo primeiro sábado do mês - Rua Dna Vicência

- Sambastião - Na Rua do Russel - Glória , Roda de Samba apadrinhada por Ataulpho Alves Jr. acontece aos sábados na praça Luiz de Camões (grátis) horário de 15:00h as 22:00h. Cerveja gelada,caldos e tira-gostos maravilhosos.

- Terreiro de Crioulo - Na rua do Imperador 1075 - Realengo - acontece sempre nos segundos sábados de cada mês , muito partido Alto , Jongo e Sambas de Terreiros, a roda é comandada por Paulo Henrique Mocidade.

- Samba da Ouvidor - Esquina da Rua do Mercado e em frente a Rua do Ouvidor , acontece de 15 em 15 dias aos sábados com início ás 15:00h(confira datas no blog do Samba do Ouvidor)-

Vale a Pena Ver

- Noel Poeta da Vila -Filme contando parte da vida de Noel Rosa. -(Muito Bom)

- "O Mistério do Samba" - Documentário sobre a Velha Guarda da Portela. - (Ótimo)

- Música para os Olhos - Documentário sobre a vida de Cartola. - (Bom)
- Nas batidas do Samba - Documentário sobre a evolução do Samba.- (Ótimo)

- A Elegância do Samba - Documentário sobre a vida de Walter Alfaiate. - (Bom)

"UM SENHOR DE RESPEITO" - SÉRIE PUXANDO CONVERSA

PARTIDO ALTO

CLUBE DO SAMBA

O SAMBA É CARIOCA ????? PARTE 02


Pessoal, por um acaso lendo hoje este belo Post de André Carvalho no Blog O Couro do Cabrito, vejo que o que falei ontem não era exagero pois no dia 22 de setembro foi o centenário de Chico Santana (Grande Compositor e figura histórica da Portela) e a  homenagem que foi feita na Portelinha (antigo terreiro da Portela) não tinha (ou não foi citado) um único representante carioca. Abaixo segue o belo texto, as partes grifadas são para chamar a atenção de como o SAMBA CARIOCA está desvalorizado.
Acorda  Sambista Carioca

27 de setembro de 2011
De repente, encontrei-me na Portelinha, sede antiga da tradicional agremiação de Oswaldo Cruz. Confesso que senti uma grande emoção invadir-me o peito. Poucos lugares são tão representativos para o samba (música brasileira, cultura popular e verdadeira História do Brasil) como a quadra situada na Estrada do Portela, 446.  Local onde Paulo da Portela fez irradiar, para todo o Mundo do Samba, a civilidade. Foi lá que nasceram tantas e tantas pérolas de nosso cancioneiro. Sambas puros, espontâneos e sinceros. Feitos com o amor natural de quem gosta por que gosta, é inerente, sem explicação. Eles, os antigos portelenses, viveram o samba puro, espontâneo, sincero, de amor natural, inerente a vida, a cada dia e noite, inerente à própria respiração, batida de coração.

É a Velha Portela. E lá, a Portelinha é o espaço físico que representa isso tudo. É como se fosse um portal, uma representação real do irreal, do sonho, da imaginação. Porque somente na mais distante imaginação eu poderia viver o que vivi neste sábado que se passou. O desfecho de uma homenagem pura, espontânea, sincera, natural, ao centenário de Francisco Santana, glória do samba brasileiro, foi algo mágico. De fato, imaginávamos que seria algo jamais visto por nós, sambistas da nova geração, amantes da Velha Guarda e da linhagem de samba de terreiro que eles criaram e cultivaram em nossos sentimentos.

Não era por menos. Presentes ali, a fina flor da nova safra do samba brasileiro. Sim, porque quem trata o samba com o carinho e respeito que ele merece, sem encará-lo como um tipo de música qualquer, que pode ser tratado como mercadoria ou produto pseudocultural-comercial, só pode ser dignificado e louvado com toda a distinção e deve receber estes elogios sem falsa modéstia. Porque são batalhadores, legítimos guerrilheiros culturais. Roda de Samba de Uberlândia, Glória ao Samba (São Paulo), Samba de Terreiro de Mauá , Terra Brasileira (São Paulo) e Projeto Resgate (Rio Grande do Sul): autênticos sambistas. Com a civilidade que Paulo da Portela tanto apreciou.

Bambas como Alfredão, Careca, Alexandre, Luiz, de Sumaré, o pessoal da Baixada Santista, do Movimento Cultural @migos do Samba.com e outros concientes sambistas também se fizeram presentes. Áurea Alves, que tantou faz por este samba (do qual estamos falando) no Rio de Janeiro, ajudava a organizar tudo, retribuindo a satisfação que encontrou nas rodas de samba em São Paulo. Dona Neide, filha do mestre homenageado, esbanjava alegria. A Velha Guarda não deixou de aparecer: Monarco, Valdir 59 e Dona Eunice, viam naqueles jovens a sequência que não se deu com a juventude portelense, que toca a bateria no carnaval, mas não traz o samba no sangue. Não este samba.

Servida a macarronada, formou-se a roda. Então entoou-se:

Portela
Suas cores tem
Na bandeira do brasil
E no céu também
Avante portelense para a vitória
Não vê que o teu passado é cheio de glória
Eu tenho saudade
Desperta oh! grande mocidade
As suas cores são lindas
Seus valores não têm fim
Portela querida
És tudo na vida pra mim

Creio que lágrimas rolaram nos olhos de praticamente todos ali. Mesmo nos mais brutos. Neste momento, Dona Eunice levantou-se, ergueu os braços. Vibrava por dentro. Voltava no tempo. Sérgio Cabral, que tantou viveu este mágico Mundo do Samba, também esteve presente e afirmou o mesmo: era um tempo que já havia se passado que, de repente, voltava. Era novamente a realidade diante de seus olhos.

Samba atrás de samba, cantou-se e louvou-se Chico Santana. Com a emoção crescente, os sambistas ganharam a rua. Destino: Praça Paulo da Portela, com seu busto representando um verdadeiro herói brasileiros, desses que realmente merecem uma placa, uma estátua.

E cantava-se, por muitas e muitas vezes, cada vez por mais gente, com mais força, com mais tamborins, cavaquinhos, cuícas e pandeiros: "Tu que tinhas vida de fidalga, hoje vive a pão e água, coisa que me comoveu...". Os carros passavam, muitos com motoristas apressados, indiferentes a magia que se desenrolava no asfalto, sequer sabiam que naquele local a História se escreveu e, naquele 24 de setembro de 2011, novamente era escrita. Outros riam, gostavam, vibravam, diziam, apontando para estátua de Paulo: "Esse é o mestre".

A emoção era extrema, dezenas (seria uma centena?) de sambistas, naquele momento foliões, cantavam junto a Paulo da Portela. Seus sambas eram relembrados, a homenagem ao "pacificador" - como foi grafado na placa - mais pura, espontânea, sincera e natural acontecia ali. O momento foi tão sublime que, por algum tempo, não mais que dez minutos, choveu. Nada que atrapalhasse o samba. Pelo contrário, todos entendíamos que o céu também chorava de emoção.

O tempo parou naquele momento. Era o auge, o momento maior de uma homenagem que começou em Uberlândia, passou por São Paulo, Mauá, Porto Alegre e agora terminava na casa do centenário mestre homenageado.

Um momento marcante na História do Samba. Por que não dizer da História Contemporânea do Brasil. Afinal, são esses nossos heróis. Sambistas. Foi despertada uma nova grande mocidade.

Hoje, mais do que nunca, e para sempre, sou um portelense.